27 de set. de 2010

“Nunca fui primeira-dama” de Wendy Guerra. Benvirá (2010), 256 páginas.

A cubana Wendy Guerra foi muito aclamada durante sua visita ao nosso país no período da FLIP. O fato de sua obra não ter sido ainda publicada em seu país natal pode nos levar a pensar que sua literatura é um engajamento político contra o regime dos Castros. Mas ela não tem este papel, sua literatura é emotiva, sensível, pessoal e um pouco dispersa.

Este romance em especial, suas críticas a Cuba são muito sutis, e não chega a culpar Fidel e a revolução socialista para mazelas de Cuba. Suas críticas são na sociedade como um todo, e como o governo influencia na sociedade diretamente, ela acaba criticando também o governo, mas de maneira tal sutil que não podemos chamar sua literatura de política de maneira alguma, ficaria melhor chamar de literatura do cotidiano cubano, ou literatura de parte do povo cubano.

Em “Nunca fui primeira-dama”, a narradora é Nadia Guerra. Ela uma radialista que foi abandonada por sua mãe aos 10 anos e que foi criada pelo que ela crê que ser seu pai, um cineasta famoso que muitas acreditam que já esteja morto. Quando ela faz críticas ao cotidiano cubano em seu programa de rádio, ela é demitida, o que é um pretexto para ir atrás de sua mãe, uma artista plástica que abandonou Cuba por razões que são reveladas pouco a pouco no romance.

Nadia passa uma temporada na França, onde tem um romance com um catalão, onde procura informações de sua mãe. Ela finalmente reencontra-a na Rússia, e a traz de volta a Cuba. Porém, sua mãe já sofre de mal de Parkison, e pouco pode ajudar na recuperação do tempo perdido entre mãe e filha que tanto Nadia ansiava.

O romance de Wendy muda completamente quando a narradora encontra nos pertences de sua mãe uma espécie de autobiografia de sua mãe que conta sua relação com a secretária pessoa de Fidel, Celia Sánchez. A terceira parte do livro é uma transcrição do que seria uma parte do livro da mãe de Nadia. A narradora então resolve terminar o livro inacabado de sua mãe. O que inclui encontros com familiares de Sánchez em Miami, e para surpresa de Nadia, com sua prima que ela nem sabia que existia. O livro termina quando Nadia volta para Cuba.

O romance de Wendy Guerra é interessante, mas não tem pretensões muito além disto. Em alguns momentos é confuso e em outros é prolixo. Porém, os poucos momentos em que emociona e surpreende já podem valer a sua leitura, além de uma mistura muito interessante de ficção com realidade.

Classificação pessoal e arbitrária: três estrelas e meia.

Um comentário:

  1. Quem é você para julgar qualquer outra pessoa?
    Escreva um livro melhor, se puder!

    Ass,
    Alexandre Ferreira Dias

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