8 de set. de 2012

“Guia politicamente incorreto da Filosofia” de Luiz Felipe Pondé. Leya (2012), 223 páginas.



O livro não é propriamente um livro, e sim uma série de ensaios que tenciona um fio de união que é o que o autor chama de praga do politicamente correto. O livro, no entanto, segue fiel a aos seus dois predecessores da série dos politicamente incorretos, uma defesa da direita conservadora. O autor define o que é politicamente correto de acordo com sua vontade e sem argumentos nenhum, ou muito pouco convincente. Na verdade, o livro é a defesa de uma posição conservadora de sociedade, de posições ultrapassadas como o darwinismo social e tem enormes incoerências, além de ter altas doses de preconceitos contra o islamismo.
Para se ter uma ideia da incoerência, que parece indicar que o autor nem revisou o livro ou a incoerência é mesmo sua marca, na página 108 “Um dos projetos da minha vida é não viajar nunca mais, pelo menos cada vez menos e para menos longe. Exterior nem pensar”. E na página 19, na apresentação do livro “Volto da Islândia, um país maravilhoso”, será que a Islândia fica no estado de São Paulo?. Esta é apenas uma das muitas incoerências do livro. Em especial, este capítulo sobre viagens, o motivo para alegar que não suporta viajar é porque muita gente viaja, hoje em dia. Viajar deixou de ser um privilégio, então melhor não viajar. Nesta linha de pensamento, chegaria a posição da extrema direita, que a culpa do trânsito é a compra de automóveis mais acessível, então, para a direita, melhor dificultar a aquisição de carros.
Ainda na incoerência, define o que politicamente correto de acordo com as posições que quer atacar. Por exemplo, quer atacar o islamismo, então define que o politicamente correto é defender o islamismo. Nada mais errado, basta ver televisão para ver que o islã não tem nada de politicamente correto, que mais seria a defesa dos judeus, que em nenhum momento são alvo do autor.
Usa Darwin para defender que o mais apto deve sobreviver, socialmente, o chamado darwinismo social que está superado a muito tempo. E continua em suas incoerências. A mais grave, no entanto, mais como bom direitista conservador, é a defesa da ditadura militar no Brasil que defendeu os privilégios que pouco a pouco estão cedendo lugar à distribuição de renda e ascensão social em nosso país. Na página 179 “A ditadura, de certa forma, nos salvou do pior”. Mas esta defesa da ditadura militar não é novidades na série ‘Guia politicamente incorreto’, nos outros dois livros já havia sido defendida.
Então o livro é muito ruim, não só pela defesa de um conservador que não aceita a ascensão social de pessoas que considera menores e que deveriam apenas trabalhar para manter o privilégio das elites, da quais se considera parte. Mas também porque as posições e defesas que faz são incoerentes ao longo do livro, e uma pessoa que não consegue ser coerência nem mesmo com as ideias que defende em um livro de menos de 250 páginas não pode ser levado a sério.

Classificação pessoal e arbitrária: duas estrelas e meia.

Um comentário:

  1. Um dos melhores livros do ano!

    As preferências políticas do autor não podem ser critério para julgar as ideias defendidas, ainda mais quando elas são fundamentadas e provadas com bibliografia farta.

    Até mais!

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