O livro não é propriamente um
livro, e sim uma série de ensaios que tenciona um fio de união que é o que o
autor chama de praga do politicamente correto. O livro, no entanto, segue fiel
a aos seus dois predecessores da série dos politicamente incorretos, uma defesa
da direita conservadora. O autor define o que é politicamente correto de acordo
com sua vontade e sem argumentos nenhum, ou muito pouco convincente. Na verdade,
o livro é a defesa de uma posição conservadora de sociedade, de posições
ultrapassadas como o darwinismo social e tem enormes incoerências, além de ter
altas doses de preconceitos contra o islamismo.
Para se ter uma ideia da
incoerência, que parece indicar que o autor nem revisou o livro ou a
incoerência é mesmo sua marca, na página 108 “Um dos projetos da minha vida é
não viajar nunca mais, pelo menos cada vez menos e para menos longe. Exterior
nem pensar”. E na página 19, na apresentação do livro “Volto da Islândia, um
país maravilhoso”, será que a Islândia fica no estado de São Paulo?. Esta é
apenas uma das muitas incoerências do livro. Em especial, este capítulo sobre
viagens, o motivo para alegar que não suporta viajar é porque muita gente viaja,
hoje em dia. Viajar deixou de ser um privilégio, então melhor não viajar. Nesta
linha de pensamento, chegaria a posição da extrema direita, que a culpa do
trânsito é a compra de automóveis mais acessível, então, para a direita, melhor
dificultar a aquisição de carros.
Ainda na incoerência, define o
que politicamente correto de acordo com as posições que quer atacar. Por
exemplo, quer atacar o islamismo, então define que o politicamente correto é
defender o islamismo. Nada mais errado, basta ver televisão para ver que o islã
não tem nada de politicamente correto, que mais seria a defesa dos judeus, que
em nenhum momento são alvo do autor.
Usa Darwin para defender que o
mais apto deve sobreviver, socialmente, o chamado darwinismo social que está
superado a muito tempo. E continua em suas incoerências. A mais grave, no
entanto, mais como bom direitista conservador, é a defesa da ditadura militar
no Brasil que defendeu os privilégios que pouco a pouco estão cedendo lugar à
distribuição de renda e ascensão social em nosso país. Na página 179 “A
ditadura, de certa forma, nos salvou do pior”. Mas esta defesa da ditadura
militar não é novidades na série ‘Guia politicamente incorreto’, nos outros
dois livros já havia sido defendida.
Então o livro é muito ruim, não só
pela defesa de um conservador que não aceita a ascensão social de pessoas que
considera menores e que deveriam apenas trabalhar para manter o privilégio das
elites, da quais se considera parte. Mas também porque as posições e defesas
que faz são incoerentes ao longo do livro, e uma pessoa que não consegue ser
coerência nem mesmo com as ideias que defende em um livro de menos de 250
páginas não pode ser levado a sério.
Classificação pessoal e
arbitrária: duas estrelas e meia.
Um dos melhores livros do ano!
ResponderExcluirAs preferências políticas do autor não podem ser critério para julgar as ideias defendidas, ainda mais quando elas são fundamentadas e provadas com bibliografia farta.
Até mais!