24 de ago. de 2012

“Guia politicamente incorreto da América Latina” de Leandro Narloch e Duda Teixeira. Leya (2011), 311 páginas



Assim como o original “Guia politicamente incorreto da história do Brasil”, este segundo livro da série também é uma reportagem de VEJA, feita por dois jornalistas que se formaram na escola da revista que tem entre suas fontes gente como Carlinhos Cachoeira. As fontes do livro em questão são tão confiáveis como o famoso bicheiro de Goiás.
Os autores, como de costume em VEJA, não se preocupam em mostrar os dois lados e sustentam suas posições em argumentos facilmente refutados. Neste livro, os dois jornalistas de VEJA tratam das figuras mais famosas da América Latina, como Che Guevara, Simón Bolívar, os Peróns, Pancho Villa e Salvador Allende. A idéia do livro em si é feliz, a de mostrar que estas figuras da história latino-americana não foram heróis abnegados que dedicaram sua vida a uma grande causa. Mas pior que mostrá-los desta forma, é contrário, usar fontes pouco confiáveis para tentar diminuir a importância histórica deles.
No capítulo de Che, os autores narram vários episódios que têm como fonte pessoas contrárias ao regime dos castros em Cuba. Estes relatos são tratados como verdades incontestes e narrados como fatos devidamente apurados historicamente. Não é diferente nos capítulos seguintes. Como quando afirma que Pancho Villa adorava os Estados Unidos tendo como única fonte para afirmar isto uma entrevista, reproduzida no livro, em que Pancho dá declarações políticas e que em nenhum momento diz o que os autores afirmam que ele disse, típica manipulação da escola de VEJA.
Mas o pior fica para o final, na defesa velada do golpe militar do Chile dado por Pinochet. Um leitor desinformado pode ser levado a crer que a única saída para o Chile era destituir um governo democraticamente eleito porque tinha posições de esquerda que iam contra os interesses dos capitalistas, interesses estes defendidos com afinco até hoje por VEJA.
Enfim, o livro tem uma proposta que seria muito mais bem explorada por escritores que tivessem um pouco mais de bom senso, mais interesse em discutir episódios históricos, de mostrar os dois lados e não por dois jornalistas que usam o livro mais para defender sua posição ideológica e sem compromisso em informar e apurar os fatos. Ideia boa, mas muito mal executada pelos autores. Suas posições de direita reacionária causam tanto mal estar para eles próprios, que assumem que ser de direita é politicamente incorreto.

Classificação pessoal e arbitrária: duas estrelas e meia

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