O peruano Llosa dispensa apresentações como vencedor do Nobel de Literatura de 2010. Em “Pantaleão e as visitadoras” ele mostra toda a sua genialidade em um livro que é a síntese da literatura no mais alto nível.
A história gira em torno do capitão do exército peruano, Pataleão Pantoja, que é enviado a selva peruana em uma missão inusitada: organizar um serviço de prostituição para os soldados e cabos que serviam na Amazônia peruana. Apesar de Llosa ter se inspirado em um fato real, seu romance está longe de ser baseado em acontecimentos verdadeiros, Llosa contou a história com um humor fino e divertido que é impossível resistir.
O humor é principalmente pela seriedade que o capitão leva a sua missão. Ele administra as prostitutas em regime militar, e fazendo relatórios (em que registra o número de ‘prestações’ de cada prostituta e o tempo médio que cada um levava) em que Llosa brinca com a rigidez do serviço militar. Por fim, a missão de Pantoja é tão bem sucedida que torna o SVGPFA (Serviço de Visitadoras para Guarnições, Postos de Fronteira e Afins) se torna a instituição mais bem sucedida do Exército peruano fazendo o capitão Pantaleão uma personalidade nacional que dá até autógrafos.
Em meio às questões militares, Llosa nos transporta para a Amazônia peruana com a descrição do povo, geografia, história e costumes locais. Também aborda o conflito familiar gerado pela hipocrisia da classe média peruana, mas que são universais. E também faz humor com as crenças religiosas, ao criar um profeta que crucifica animais e pessoas e que ‘converte’ um grande número de pessoas tendo um final trágico.
Mas o grande destaque do livro não é o enredo, por melhor que este seja. A narrativa de Llosa é o que mais se destaca, misturando diálogos (ele escreve vários diálogos simultâneos que o leitor demora a se acostumar) com a narrativa em meio a relatórios militares integrais ‘secretos’, transcrição de programas de rádio e de jornais. Llosa é um mestre!
Classificação pessoal e arbitrária: cinco estrelas
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