"Equador" de Miguel Sousa Tavares. Editora Nova Fronteira (2004), 527 páginas.
O jornalista português Miguel Sousa Tavares se aventurou pela primeira vez aos romances com "Equador", e não poderia estrear de maneira melhor. O romance tem tudo, um épico inserido no contexto do fim do reino de Portugal e nascimento da república, envolve as colônias portuguesas mas o cenário principal são as coadjuvantes históricas ilhas de São Tomé e Príncipe. Histórias de traições conjugais, conspirações políticas e tudo envolvendo o tema da escravidão no início do século XX nas plantações das então colônias portuguesas da África. Histórias de amor dentro de fatos históricos e ficção em doses que deixa o leitor confuso onde começa um e termina outra, enfim, o livro já é um clássico com quase meio milhão de unidades vendidos pelo mundo e já foi adaptado até para uma mini-série em Portugal. Leitura obrigatória a quem agrada história, romance, relações humanas e boa literatura.
O enredo gira e torno de Luís Bernardo Valença, um burguês lisboeta que vive os benefícios da elite portuguesa do início do século XX. Como distração escreve artigos para jornal onde mostra suas opiniões sobre a política colonial portuguesa e a sua exploração da mão de obra escrava mesmo depois da abolição da escravidão. Estes artigos chamam atenção do governo e o próprio rei, em pessoa, o convoca para assumir o governo de São Tomé e Príncipe que está passando por um momento delicado; a economia baseada na exportação de cacau e café principalmente para as colônias britânicas afeta a de todo Portugal, mas a Grã-Bretanha ameaça boicotar estas exportações devido as ilhas usarem trabalho escravo. A missão de Luís Bernardo é provar a um cônsul inglês a ser nomeado que não trabalho escravo na ilha.
Na tentativa de cumprir sua missão, o recém nomeado governador vai entrar em conflito com o interesse dos colonos de São Tomé e Príncipe e com os da própria coroa portuguesa. O enredo mostra como a vida pessoal do governador vai influenciar na sua vida pública. Em meio a tudo isto, Tavares nos envolve com uma narrativa perfeita, que inclui cenas de erotismo e tortura, traição e conspiração. Ou seja, tudo que espera de um bom livro.
O único ponto que o livro deixa a dever, é que o final parece apressado. O desenrolar do enredo construído em quase quinhentas páginas se encerra rapidamente, quase como uma só vez. O livro merecia um final mais longo e detalhado.
Classificação pessoal e arbitrária: quatro estrelas e meia.
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