26 de set. de 2011

"Cem anos de solidão" de Gabriel Garcia Márquez

É desnecessário apresentar García Marquez, um dos maiores escritores vivos de todo o mundo, fato que explica ter sido vencedor do Nobel de Literatura de 1982. A obra que deu impulso a sua carreira foi justamente “Cem anos de solidão” escrita no México e publicada originalmente na Argentina em 1967.
A obra é... uma viagem. Em todos os sentidos, desde o sentido da gíria até no sentido de uma viagem a um mundo criado nos mínimos detalhes pelo autor, que transporta o leitor para uma esfera surreal que ele próprio criou, que não tem localização precisa, mas tem história e nome; Macondo. O livro narra a história de uma das famílias fundadoras, os Buendía, de seus patriarca e matriarca, José Arcadio e Úrsula, desde o motivo que eles quiseram fundar uma nova aldeia até o seu fim, junto com o da família e seu último membro, Aureliano.
O livro poderia ser classificado como um romance surreal, ou de situações surreais. García Marquez não tem nenhum compromisso em descrever situações verossímeis, e isto deixa sua narrativa cada vez mais atrativa, pois nunca se sabe o que acontecerá em Macondo na próxima página. Pode ser uma insônia coletiva, ou um velho amarrado a uma árvore durante anos, ou uma jovem que sobe aos céus, ou mortos que voltam e dialogam de verdade com os vivos, ou ainda pessoas de quase duzentos anos; tudo pode acontecer quando o autor é García Marquez.
O romance não tem a obrigatoriedade de ser cronológico, Marquez anda pelo tempo sem nenhum compromisso, indo e vindo com uma rapidez que pode confundir o leitor. Porém, o início do livro é muito chato, até o leitor entrar no clima da obra demora, depois a magnitude do texto e enredo de García Marquez se revela a cada linha.
O livro tem seu enredo ficando mais atrativo a partir do momento em que um dos membros da família se lança em uma guerra civil, e como isto afeta a vida do povoado. O que pode confundir o leitor é a repetição de nomes, são muitos Aurelianos e Josés, em certos momentos não se sabe mais sobre qual deles García Marquez está escrevendo.
O final do livro não fica devendo ao seu todo, tem doses de drama e a surpresa está presente até as últimas páginas. Sabe-se que Aureliano será o último membro da família desde antes de começar a ler o livro devido a uma árvore genealógica que está presente logo na primeira página que traz esta informação, porém a maneira como isto ocorre deixa o leitor mais atento surpreso.
Acompanhar a saga dos Buendía no povoado de Macondo que eles próprios fundaram é uma experiência literária que ninguém deve se privar. As situações descritas sem nenhum compromisso com a realidade, não deixam o romance cair na monotonia. A criativa e originalidade de García Marquez fazem dele um autor especial, entre todos os autores especiais. Mesmo se não fosse por isto, deveriam ler este romance para seguir o conselho dele dado ao amigo Eric Nepomuceno “Leia tudo, para ver se aprende a escrever”.

Classificação pessoal e arbitrária: cinco estrelas

Um comentário:

  1. depois de cem anos... nunca mais encontrei satisfaçao num livro... Neto Amaral

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