Classificação pessoal e arbitrária: cinco estrelas
17 de jun. de 2011
"Farda, fardão, camisola de dormir" de Jorge Amado. Companhia das Letras (2009), 272 páginas
Jorge Amado é um mestre, sem dúvida um dos maiores escritores brasileiros e ninguém poderia se surpreender se alguém o colocasse com o maior de todos. Autor de clássicos como “Capitães de Areia” e “Gabriela, cravo e canela”, tem uma vasta biografia, toda em alto nível. Grande parte de seus clássicos se passam em seu estado natal, a Bahia, e são carregados de sensualidade e de tradições baianas oriundas da África. Este não é o caso de “Farda, fardão, camisola de dormir” que se passa no Rio e quase não sensualidade e referências as tradições africanas, e mesmo assim Jorge Amado consegue escrever um romance espetacular!Como todas as histórias de Jorge, esta também gira em torno de algo inusitado. Um imortal da Academia Brasileira de Letras morre e a trama gira em torno da eleição para sua substituição. Logo no início o leitor é apresentado ao primeiro candidato, tido como favorito, um coronel do exército dito como torturado na ditadura do Estado-Novo, período no qual o livro se passa. Tal indicação não agrada os acadêmicos mais liberais que lançam um candidato azarão, um general do exército da reserva.Então dar-se a batalha do Petit Trianon, onde nem o leitor mais astuto é capaz de prever o final. Jorge nos envolve de tal forma que não conseguirmos nos livrar dos personagens mesmo quando não estamos lendo seu romance, além disto torna a trama tão empolgante e surpreendente que justifica a leitura com calma de cada página escrita por ele.Se não bastasse a narrativa de Jorge, e a história que ele conta em “Farda, fardão, camisola de dormir”, ele se passa em uma ditadura e denuncia as atrocidades cometidas pelo governo Vargas durante a II Guerra Mundial, a corrupção e as torturas incluídas. Isto, por si só, mostra a coragem de Jorge Amado, pois o romance foi publicado originalmente em pleno outro período ditatorial do Brasil no início dos anos 80, período em que se torturou tanto gente ou mais que na era Vargas. É genial a forma como Jorge denuncia as atrocidades de uma ditadura sem sequer fazer referência direta ao período em que o livro foi escrito e que denuncia. Coisa de mestre!
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