Carl Sagan é o maior divulgador de Ciência que já existiu, autor de clássicos absolutos como “Cosmos” e “Bilhões e bilhões”. Mesmo tendo falecido em 1996 sua obra é tão grandiosa que mais de uma década depois de sua morte ele ainda continua nos presenteando com seus textos esclarecedores inéditos. É o caso de “Variedades da experiência científica”, que é a transcrição de um conjunto de palestras que ele fez em 1985 na Universidade de Glasgow sobre Teologia Natural publicado na segunda metade da década passada.
São nove capítulos, um melhor que o outro. Neles, Sagan, aborda da definição de religião a vida extraterrestre. Ele começa mostrando a imensidão de coisas que existem e quão pouco sabemos a respeito e o quanto temos ainda a aprender sobre o Universo, mas que apesar disto, sabemos muito mais que nossos antepassados e menos que nossos herdeiros. Segue mostrando o perigo de o fanatismo religioso cegar a vasta herança cultural que a ciência nos legou ao longo de séculos e séculos.
Um passeio pelos acasos cósmicos que resultaram na vida humana é tema do terceiro capítulo, nele Sagan faz de maneira irresistível uma defesa da teoria da evolução de Darwin estendida com argumentos cósmicos. Nos seguintes ele argumenta sobre a viabilidade de vida extraterrestre, inclusive abordando sobre a famosa ‘Equação de Drake’, e como a descoberta de vida extraterrestre poderia afetar as religiões estabelecidas. Depois Sagan fala sobre as diversas formas de crenças que estão sobre o signo de ‘Deus’ e algumas de explicações sobre a crença nele.
A origem e função social das religiões também é um tema bastante discutido, a funcionalidade das preces também, incluindo a explicação dada por Freud para estes temas e uma deliciosa possível origem hormonal das religiões proposta por Sagan. A seguir o tema é como o ser humano teve a capacidade de criar tecnologia para se autodestruir por completo, como as palestras foram dadas na década de 1980 o grande temor de Sagan era a guerra nuclear, que afortunadamente é um tema que não nos preocupa mais tanto na segunda década do século XXI. E uma defesa pela busca do conhecimento sem preconceitos é feita do capítulo de encerramento. Ainda há um apêndice com as perguntas da plateia e as respostas de Sagan.
O livro é fantástico, apesar de ser apenas uma mostra do quão boa era a divulgação científica feita por Sagan. É impossível ler o livro e não passar a ser um entusiasta da ciência e pela busca do conhecimento, seja ele qual for. Sagan é uma vela na escuridão dos teleenvangelistas-capitalistas e do fanatismo e intolerância religiosa. É um livro obrigatório para todos.
Classificação pessoal e arbitrária: quatro estrelas e meia.
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