Esta não é a autobiografia de Keith Richards que se chama “Vida”, é um livro escrito por uma fã dos Stones, que trata Richards como um ídolo, na versão mais inocente do termo. O livro é divido em seis capítulos, dos quais apenas dois são bons, os outros são uma perda de tempo.
Os capítulos que valem a pena são o dois que dá nome ao livro; O que Keith faria?, e o três; Keith e Nietzsche. O dois traz uma série de situações delicadas que cada um de nós passamos ao longe de nossa vida, como por exemplo quando os outros passam por cima de você ou quando estamos sobrecarregados. A autora busca na vida de Keith o que ele fez quando se encontrava nestas situações difíceis, e nos descreve como ele as superou. Este capítulo é quase um livro de autoajuda, mas não deixa de ser divertido e alguns conselhos dados por Richards via West não deixam de ser ‘aproveitáveis’, como ter consciência que ninguém de nós é mais especial que os outros.
O capítulo três é o melhor de todos, nele a autora trata Keith como um filósofo a ser seguido, e funda inclusive o Keithrismo. Neste ponto é impossível não lembrar da filosofia barata de Quincas Borba em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o Humanitismo. A parte mais divertida é quando West compara frases famosas de grandes filósofos com algumas ditas por Richards. Ela separa esta comparação em partes como quando compara Keith aos gregos Aristóteles e Platão; uma frase de Aristóteles citada ‘Homens maus são cheios de arrependimentos’ é seguida pela de Keith ‘Não me arrependo de nada’. Depois faz o mesmo com Santo Agostinho, John Locke, Rousseau, Kierkegaard e por último Nietzche, uma frase de Nietzche citada ‘No final, a pessoa só experimenta a si mesma’ e de Richards ‘Eu tenho que viver comigo... E me seguiria a qualquer lugar’. E ainda há uma parte adicional com filósofos ocidentais.
Os outros capítulos são uma perda de tempo. O primeiro a autora declama 26 mandamentos do Keithirismo, que não tem a menor graça; como o 11° Conquise os clássicos e o 20° Talimãs têm poder. O maior deles, o cinco ‘A perspicácia e a sabedoria de Keith Richards’ é uma coleção de frases de Richards sobre os mais diversos assuntos, é difícil chegar ao final do capítulo, mas com um pouco de teimosia é possível. O seis é uma cronologia da vida de Keith, que é o que chega mais perto de uma biografia, e o livro termina com a receita do prato preferido de Richards, torta de carne moída com purê de batatas.
A ideia do livro, que dá nome a ele inclusive, é original, mas não rendeu um livro inteiro. Por isto a autora teve que preencher com outros tópicos, como a coleção de frases que são recordes entediantes. O livro vale por dois de seus capítulos, mas não chega a empolgar em nenhum momento e não se trata de uma leitura indispensável.
Classificação pessoal e arbitrária: duas estrelas
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