10 de mar. de 2011

"Um erro emocional" de Cristovão Tezza. Record (2010), 192 páginas

Cristovão Tezza é um dos mais reconhecidos escritores brasileiros contemporâneos, absolutamente consagrado depois de “O filho eterno”. “Um erro emocional” é seu mais recente romance, ele não é tão sincero e tocante como “O filho eterno” tampouco tão original como “Trapo”, mas mesmo assim não deixa de ser um belo romance escrito no mais alto nível por um de nossos maiores escritores da atualidade.
Toda a narrativa se passa em uma noite no apartamento de Beatriz, uma divorciada que mora sozinha em Curitiba. Na noite que se passa a narrativa, ela recebe a visita de seu escritor favorito, Paulo Donetti, que está em Curitiba para um evento e conhece por acaso Beatriz enquanto ela jantava com um amigo em comum deles. A trama em si, Tezza não descreve nada espetacular, nenhum enredo envolvendo ou que deixa o leitor ansioso para saber o final, se trata de uma narrativa de pessoas comuns, com vidas comuns como todos nós. A grande atração do livro é o texto de Tezza, que nos deleita a cada nova página.
Na trama, Paulo chega no apartamento de Beatriz se declarando apaixonado e com um pedido, que ela digitalize e revise seu novo romance. Paulo se acha um autor em decadência, que já parece ter escrito sua grande obra que é várias vezes citada no livro, “A fotografia no espelho”, e teme nunca mais escrever nada no mesmo nível; seria uma referência de Tezza a ele próprio e sua obra máxima, “O filho eterno”? Seria Donetti o alterego de Tezza?
No transcorrer da noite, Tezza nos leva a conhecer a vida de Paulo e Beatriz. As sessões de análise de Paulo são o artifício usado por Tezza para nos contar sobre Paulo, desde o início da carreira até aquela noite, sem grandes acontecimentos e nada incomum. Para contar a vida de Beatriz, ele usa conversas com amigas imaginárias em que ela confessa desde que traiu o ex-marido até que é estéril, passando pela dor de ter perdido a família em um acidente.
O que não agradou em “Um erro emocional” foi a falta de rigor na pontuação; seria uma influencia de Saramago e Lobo Antunes? Esta licença que os grandes escritores tomam para não respeitar as regras feitas para todos não é uma coisa que me deixe feliz, regras são iguais para todos. Apesar disto, “Um erro emocional” é literatura em alto nível, como tudo que já li de Tezza.

Classificação pessoal e arbitrária: quatro estrelas

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