30 de dez. de 2010

“Eu sou Ozzy” de Ozzy Osbourne e Chris Ayres. Benvirá (2010), 380 páginas.

Todos os fãs de rock devem conhecer bem Ozzy como um dos fundadores do heavy metal quando fazia parte do Black Sabbath. Talvez para os não-rockeiros, ele seja aquele chefe de família engraçado do seriado “The Osbournes” da MTV. Para todos os dois grupos esta autobiografia, escrito junto com Chris Ayres, é imperdível. Este é o livro mais engraçado que eu já li na vida, nunca ri tanto como lendo estas quase 400 páginas de histórias impagáveis. Mas ele não se resume a episódios hilários, tem drama, traições e muita droga pesada. Em suma, tudo que se quer ler quando se escolhe uma biografia, mas a de Ozzy vai além das expectativas.

O livro chega ao leitor com um tom de sinceridade e deboche desde o início. Ozzy não economiza nos palavrões, e se fosse ao contrário não soaria uma obra sincera. Ozzy conta desde sua vida modesta em uma cidade industrial no Inglaterra e inicia o livro com o episódio que marcou sua vida, a prisão logo na adolescência por roubo, quando decidiu que nunca mais queria voltar para trás das grades depois de seis meses em uma penitenciária britânica.

A passagem para os fãs do rock mais esperada é como o Black Sabbath “inventou” o heavy metal, o que Ozzy descreve como quase uma fatalidade. Outro ponto que vai chamar muito a atenção dos rockeiros é que Ozzy, que muitos já chamaram de “Príncipe das Trevas”, nunca levou a história de satanismo muito a sério e sempre considerou isto uma grande piada, ou uma jogada de marketing como chamaríamos nos anos 2000.

Entre as histórias hilárias estão que Ozzy nunca conseguiu tirar carteira de motorista e quando urinou no Álamo em San Antonio, indo parar direto para a prisão. Outras destas histórias que são muito boas: quando Ozzy arrancou a cabeça de uma pomba viva durante uma reunião com a gravadora para impressioná-los e quando arrancou a cabeça de um morcego vivo durante um show achando que era de plástico.

Um dos pontos de drama foi quando ele foi demitido do Black Sabbath pelas suas constantes bebedeiras e como ele ficou no fundo do poço. A importância de Sharon, sua atual esposa e mãe de três de seus cinco filhos, na retomada da carreira mostra que Ozzy não seria Ozzy sem Sharon. Outro drama, a morte do guitarrista e amigo Randy Rhoads em um acidente áreo, também foi superada graças a Sharon. A tentativa de assassinato de Sharon por Ozzy é contada em detalhes por ele, pelo menos o que ele lembra.

No final, dois dramas pesados, o câncer de Sharon e o grave acidente de moto sofrido por Ozzy que quase o levou a morte. A grande pergunta é como este cara ainda está vivo, como ele pode ter feito tudo que fez e ainda estar aí para deleite dos fãs. Apesar de seu estilo de vida não ser aconselhada para ninguém, ler sua biografia é uma forma de compartilhar todas as suas aventuras, ou para seus fãs, ser um pouco mais fã do cara.

No final, Ozzy ainda dá conselhos ao melhor estilo livro de auto-ajuda que vou tentar seguir, como na página 354: “Nunca acreditei em brigas de longo prazo. Não me entendam errado: já fiquei bravo com pessoas. Muito bravo – com pessoas como Patrick Meehan, ou aquele advogado que tentou me cobrar a bebida ou Bob Daisley. Mas eu não os odeio. Eu não quero que sofram nenhum mal. Eu assumo que odiar alguém é uma completa perda de tempo e esforços. O que você consegue no final? Nada. Não estou tentando ser Arcanjo Gabriel. Só acho que, se você está bravo com alguém, chame-o de bosta, tire isso do seu sistema e siga em frente. Não vamos ficar na Terra por muito tempo”.

Classificação pessoal e arbitrária: cinco estrelas

Um comentário:

  1. Parabéns pela ideia do blog. Gostei da indicação do livro do Ozzy, sempre o via nas prateleiras junto do livro do Justin Bieber, o que me dava calafrios, então não arrisquei comprá-lo. Vou colocar na minha lista.

    Ah, onde estão as resenhas das viagens? Feliz 2011.

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