3 de nov. de 2009

“O vencedor está só” de Paulo Coelho. Agir (2008), 400 páginas.


Na minha adolecência li muito Paulo Coelho e tinha lembranças agradáveis de seus livros. Passaram quinze anos e resolvi comprar "O vencedor está só" ao visitar a Feira do Livro de Criciúma. Não saberia dizer o que me levou a isto, mas sem dúvida a curiosidade de saber se ainda sentiria prazer em ler Paulo Coelho na minha fase adulta deve ter sido o que mais pesou.
A resposta foi um não, a leitura foi muito desagradável e toda a impressão positiva a obra de Paulo Coelho havia me deixado foi perdida. Se eu pudesse usar apenas duas palavras para descrever este livro eu usaria chato e enrolado. Não passa de um romance policial com personagens mal construídos e confusos. Existem muitas histórias paralelas que fazem a narrativa entrar em um emaranhado que fica difícil sair, pois parecem vários contos paralelos em vez de um romance. Existem muitos personagens totalmente inócuos na narrativa, que parecem ter surgido apenas para "engrossar" o livro.
O final é péssimo, mesmo quando comparado ao mais medíocres romances policiais. Outro ponto que desagrada é o apelo envangélico, onde as palavras "Deus" e "Jesus" são insistentemente repetidas, sem nenhum propósito ou ligação com o enredo. Um trecho especialmente ridículo é o da página 227 "Até mesmo o Rei dos Reis, Jesus Cristo, precisou passar pela prova diante da qual Igor agora se encontra: a sedução do demônio. [...] O demônio é um profissional de primeiríssima qualidade, e assusta os fracos com sentimento de medo, preocupações, impontência, desespero. No caso dos fortes, as tentações são muito mais sofisticadas: boas intenções". Haja estômago para continuar a ler quase duzentas páginas depois de ler uma bobagem desta.
O enredo se passa no Festival de Cannes, durante vinte e quatro horas e narra à execução de um plano de vigança de um marido traído. O seu plano inclui vários assassinatos (que o vilão, apesar de mais de quarenta anos e seja um milionário é um exímio assassino em várias técnicas) e envolve vários personagens secundários que não contribuem para o desenvolvimento do enredo.
Existem pontos positivos em "O vencedor está só", a editoração do livro. Com capa dura e letras grandes seria uma leitura agradável se a qualidade do texto ajudasse, o que não é este caso.
Classificação pessoal e arbitrária: uma estrela e meia


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