28 de out. de 2009



Se fosse preciso dar apenas um adjetivo ao livro de Tezza, minha opção seria por corajoso. O enredo se passa em torno da vida de Tezza a partir do momento em que foi pai pela primeira vez, Felipe é portador de síndrome de down. A partir da relação entre Tezza com o filho e com toda a sua vida desde seu nascimento é que a trama se desenrola.
A coragem do livro se refere a que o autor não tem pudor de expor aos leitores os seus sentimentos em relação ao filho portador de down. Incluindo o alento que uma suporta expectativa de uma vida curta de Felipe lhe deu logo depois de seu nascimento, e da decisão quase duas décadas depois de parar de fumar para poder viver mais e assim cuidar do filho por mais tempo (o que ele julga que ninguém pode fazer melhor que ele).
Entre seus a narrativa em torno de seu filho, tendo como coadjuvante quando ausente a filha de Tezza que nasceu pouco depois de Felipe e sem síndrome de down, Tezza traz fatos de sua vida antes da paternidade que fazem o leitor entender melhor o autor. Entre eles: a experiência com drogas, os conflitos com a polícia, os furtos, a vida como ilegal na Alemanha, a vida de ator de teatro amador, os primeiro amor, a frustração de ter seus livros rejeitos por editoras e a busca por um emprego estável como professor.
Um detalhe que pode parecer despercebido por alguns leitores é uma alusão a ministra Dilma Rusself quando Tezza conta como foi à resistência ao regime militar no Brasil da década de 1970. Outro detalhe que chama atenção é que esta auto-biografia de Tezza é narrada em terceira pessoa, que é uma opção que chama atenção em “O filho eterno”.
Sem dúvida trata-se de um livro comovente, onde o amor de pai supera todos os preconceitos em relação a uma criança com síndrome de down. Particularmente, considera “O filho eterno” uma das duas melhores auto-biografias que já li; junto com “Feliz ano velho” de Marcelo Rubens Paiva.
A única frustração, inerente a toda auto-biografia, é que o livro conta uma história incompleta, com início, meio, mas sem final. A narrativa de Tezza termina em 2006, e o leitor fica com curiosidade digna de novela da Globo: Será que Felipe continua pintando? Será que ele ama ainda o Atlético Paranaense? Será que ganhou um iPod do pai de mesmo modo que ganhou computador antes? Será que Tezza voltou a fumar?
Para quem pretende ler um livro corajoso, emocionante e que expõe a maneira como o amor paterno pode superar todos os obstáculos, “O filhos eterno” é altamente recomendável.

Classificação pessoal e arbitrária: cinco estrelas.

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