11 de nov. de 2009

“A escalada do monte Improvável” de Richard Dawkins. Companhia das Letras (1998), 376 páginas.


Não a toa que Dawkins foi nomeado pela primeira vez para uma cátedra de divulgação científica na Universidade de Oxford, o sujeito é muito bom em escreve sobre Ciência. Apesar de seu foco principal ser a Biologia, ele aborda de maneira clara, contextualizada e atraente temas de Física, Biologia, Filosofia e Sociologia. Neste livro a sua linguagem não é tão ácida quanto em livros como "Deus - um delírio" ou "Gene egoísta", em “A escalada do monte Improvável” ele descreve a evolução e comportamento de órgãos e espécies tão diferentes quanto um olho de um concha, e um elefante de uma aranha.

O livro usa e abusa de metáforas, a começar pelo título. Ele faz referência a dois caminhos para se escalar um monte, pelo lado íngreme, que parece impossível, ou pelo outro lado suave que a subida será devagar e gradativa. Ele argumenta que muitos vêm animais complexos, como nós, e imaginam que eles não podem ter sido fruto da evolução, por imaginar que eles deveriam ter seguido pelo caminho íngreme. No entanto, Dawkins mostra no livro inteiro que a evolução segue por caminhos lentos e graduais, o que explica como surgem os animais e seus órgãos complexos.

O ponto alto do livro é os capítulos sobre o surgimento do olho e da asa. Nestes capítulos a evolução paralela de diversos tipos de olhos, a soluções que cada espécie adotou, e de onde vieram suas partes são muito elucidantes. O mesmo com o aparecimento das asas e de suas funções.

O ponto fraco do livro é a descrição de software de computador que simulam o processo evolutivo. Dawkins reserva grande parte do livro para mostrar os produtos destes softwares, como o comportamento de teias de aranha, sistemas inteiros de animais. O problema é que o livro faz referencias a software usados na época do lançamento do livro em inglês, em 1996. Tem-se a impressão, ou quase certeza, que os software e seus produtos descritos, já estejam superados a anos.

Outro ponto do livro que desagrada é que Dawkins cai na tentação de usar linguagem técnica demais por vezes e de descrever detalhes em demasia. Estes dois artifícios afastam o leitor leigo, como eu, do ponto central abordado e ainda deixa a leitura cair um pouco na monotonia.

Com certeza não é o melhor livro de Dawkins, que em minha opinião estaria entre “Deus – um delírio” e o “Gene Egoísta”. No entanto, como todo livro de Dawkins eu recomendo fortemente.


Classificação pessoal e arbitrária: quatro estrelas.

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