3 de set. de 2009

“O Corvo” de Edgar Allan Poe (Tradução de Machado de Assis). Ao Livro Técnico (2008), 41 páginas.


Perfeito. O adjetivo se referir a muito do livro: ao texto em inglês de Poe, a tradução para o Português de Machado, a edição bilíngüe, as ilustrações de Cristina Lima e a qualidade do papel. O único ponto que não chega à perfeição são os comentários de Alberto Guerra, existe neles uma petulância do comentarista em explicar a poesia traduzida, mesmo assim vale pela tentativa perdida.
O livro traz a poesia clássica de Poe, ao seu melhor estilo dark, repleta de melancolia e cinismo. Se já não bastasse Poe, o livro traz a poesia original em inglês nas páginas pares e a tradução machadiana nas ímpares. Este formado torna inevitável perceber a genialidade de Machado, não só como romancista e contista de outras obras, mas nesta como tradutor. O brasileiro consegue elevar a poesia de Poe a outro nível para seus conterrâneos.
As ilustrações são outro plus do livro, elas conseguem agarrar a essência dos versos, tornando a poesia também visual. Os comentários a cada página trazem para o leitor do século XXI uma possível interpretação da tradução machadiana. Não me agradou a proposta, tão pouco a execução, destes comentários, mas vale pela tentativa de “tradução” de Machado.
A leitura de “O Corvo” parece sempre terminar em fracasso, no sentido que sempre traz ao leitor o sentimento que ela não terminou, e sua leitura jamais terminará. A cada releitura, uma nova descoberta da melancolia de Poe, e porque não, a nossa própria. É impossível ler uma vez só “O Corvo”, quando da primeira leitura, nevermore este poema deixará de fazer parte das preferências do leitor.
Se tudo isto já não bastasse, o livro ainda ter uma pílula final, no posfácio, escrito pelo poeta Alphonsus de Guimarães intitulada “A Cabeça do Corvo”. Está presente nesta poesia, o cenário dark de Poe, talvez como uma continuidade, ou mesmo apenas homenagem, para um poeta de alta linhagem, como Poe deve ser incluído sem nenhuma temeridade.

Classificação pessoal e arbitrária: quatro estrelas e meia.

2 comentários:

  1. Olá

    Não li o livros ainda, mas com certeza lerei.
    O simples fato de ter um pouco da genealidade do Machado, faz a obra ser leitura obrigatória.

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  2. Já tive oportunidade de ler Poe. O autor cria um cenário vivo que faz o leitor mergulhar em sua própria melancolia. Muito bem lembrado.

    Aliás, um dos motivos que faz eu admirar este autor é mesmo a criação do cenário, que desperta emoções que levam o leitor a ver, cheirar, sentir o sabor daquela atmosfera.

    Um gênio do horror gótico, sem dúvida nemhuma.

    Um grande abraço,
    Prof_Michel

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