11 de ago. de 2009

“A goleada de Darwin” de Sandro de Souza. Editora Record (2009), 224 páginas

Este poderia ser mais um livro no ano que marca o bicentenário do nascimento de uma dos pais da teoria da evolução, o britânico Charles Darwin. Mais o livro de Souza é especial em diversos aspectos; ele é escrito por um brasileiro e traz luz ao debate criacionista/darwinismo como nenhum outro que eu já tenha lido. O título, além de denunciar a paixão do autor por futebol, também mostra a favor de que lado do debate o autor se coloca.
O livro se divide em dez capítulos. No primeiro o enfoque é o nascimento da teoria da evolução de Darwin com sua viagem ao redor do mundo a bordo do HSM Beagle. No segundo o autor apresenta as diversas correntes criacionista e o seu embate a partir do início do século XX contra o evolucionismo. Os pilares da teoria da evolução, a descendência comum e a seleção natural, são o tema do terceiro capítulo, estes conceitos são apresentados de maneira clara e sucinta, que aos não iniciados no mundo da Biologia pode esclarecer diversas dúvidas sobre o evolucionismo. Baseado no argumento que uma teoria científica deve ter comprovações observacionais e experimentais, no quinto capítulo Souza apresenta quatro tipos diferentes de corroborações do darwinismo: abundância de fósseis, biogeografia, morfologia e a embriologia. No quinto a corroboração definitiva da teoria da evolução através da genética é apresentada desde o nascimento com Mendel até o seqüenciamento do genoma humano. A resposta do criacionismo para combater a teoria da evolução através da doutrina do designer inteligente é o tema do sexto capítulo, nele o autor mostra como esta doutrina não se sustenta do ponto de vista científico rebatendo as “evidências” usadas para defender esta vertente mais moderna de criacionismo. Nos capítulos sete e oito ainda é dedicado ao criacionismo com sua tentativa falha de passar por ciência e o como este movimento está organizado no Brasil, onde é apoiado por figuras tão diferentes como o ex-governador do Rio Anthony Garotinho e a senadora Marina Silva. No nono capítulo mostra como Darwin deixou a vida de sacerdote para se transformar em um dos maiores cientistas de todos os tempos. No último é dedicado a uma tentativa feliz de conciliar a Ciência com a religião.
O livro como um todo é uma celebração ao racionalismo e ainda a tenta conciliar com a religião. É sem dúvida um dos mais acessíveis livros sobre o evolucionismo que eu já li e eu recomendo a todos que queiram saber mais sobre porque a teoria da evolução incomoda tanta gente, e porque estas pessoas não têm como sustentar seus argumentos do ponto de vista científico. Também recomendo a todos que queiram apenas conhecer um pouco do darwinismo, e também aqueles que queiram conhecer sobre como uma teoria científica deve se sustentar. Em suma, de um modo ou outro, eu recomendo o livro a todas as pessoas que queiram conhecer mais sobre o mundo em que vivem.
Eu compartilho da posição final do autor que tanto o criacionismo como o evolucionismo devam ser ensinados nas escolas, o primeiro na aula de religião e o segundo nas aulas de ciências, e que o erro estaria em confundir religião com a ciência, como muitos criacionistas teimam em tentar fazer.

Classificação pessoal e arbitrária: cinco estrelas

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