16 de jan. de 2013

“Nunca fui santo – o livro oficial do Marcos” de Mauro Beting. Universo dos Livros (2012), 167 páginas.



Apesar de o livro ser uma proposta de autobiografia do goleiro que só jogou pelo Palmeiras e algumas partidas pela seleção, o livro é muito mais que isto. Ele não agrada só aos torcedores do Palmeiras, e menos ainda só a fãs de futebol. O livro é uma história de vida de um homem que, antes de mais nada, é determinado e fiel a suas convicções. Tão fiel que por diversas vezes foi incompreendido por suas atitudes. Agrada a todos que gostam de boas histórias, que tanto podem levar neste livro as lágrimas como as gargalhadas.
O principal destaque do livro é a sinceridade de Marcos, por diversas vezes ele admite que não se entregava tanto quando a situação no jogo estava feia (como na famosa goleada para o Vitória em 2003). Outros quando admite que em grandes defesas teve boa parcela de sorte ao fazê-las, ao admitir que não sabe como as fez, ou ainda quando fala que tentou resfriar o então titular Velloso colocando o ar condicionado no máximo para garantir uma chance.
O livro começa com o prefácio do autor Mauro Beting com um depoimento emocionante que é capaz de levar as lágrimas os leitores mais emotivos. O livro continua com Marcos contando sua história em primeira pessoa, desde a cidade de Oriente, no interior paulista. Conta sua passagem pela categoria de base do Corinthians, que rende histórias ótimas como a de que Marcos demorou a ir em Shopping na capital porque achava que tinha que pagar para entrar.
A partir da chegada no Palmeiras, o goleiro descreve a vitória na Copa do Brasil de 1998, mas principalmente a vitória na Libertadores de 1999 e a disputa do mundial de clubes do mesmo ano, sempre com o recheio de histórias ótimas. Como quando o lateral Júnior acorda os companheiros no Japão porque não conseguia dormir pensado nos cruzamentos do inglês Beckham. Na Libertadores de 2000, narra como foi o episódio que todo palmeirense ama lembrar que é o pênalti de Marcelinho defendido por Marcos na semifinal.
A copa de 2002 é um deleite para todo torcedor brasileiro. Conhecer os detalhes da campanha vitoriosa já é muito divertido, ainda mais que Marcos não tem pudor de contar todos os detalhes dos companheiros. O que mais se destaca é a embriaguez que o volante Vampeta estava quando deu a famoso cambalhota na rampa do Palácio do Planalto, Marcos diz que não sabe como ele se levantou depois!
O livro continua com os motivos pelo qual o goleiro recusou a proposta do Arsenal para disputar a Série B em 2003 e mostra todo seu carinho e reconhecimentos aos seus treinadores de goleiros, como Carlos Pracidelli e Valdir de Morais. Aos companheiros, como o goleiro Sérgio que respondia da típica maneira de interior as provocações dos adversários. Mas as histórias em si não são o mais interessante do livro, o mais interessante é a vida e como ela é contada por seu protagonista, Marcos. O texto de Mauro Beting é sempre perfeito e emotivo, os dois nos brindam com um livro que vai muito além de um livro de um jogador de futebol.

Classificação pessoal e arbitrária: quatro estrelas e meia.

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