Apesar de o livro ser uma
proposta de autobiografia do goleiro que só jogou pelo Palmeiras e algumas
partidas pela seleção, o livro é muito mais que isto. Ele não agrada só aos
torcedores do Palmeiras, e menos ainda só a fãs de futebol. O livro é uma
história de vida de um homem que, antes de mais nada, é determinado e fiel a
suas convicções. Tão fiel que por diversas vezes foi incompreendido por suas
atitudes. Agrada a todos que gostam de boas histórias, que tanto podem levar
neste livro as lágrimas como as gargalhadas.
O principal destaque do livro é a
sinceridade de Marcos, por diversas vezes ele admite que não se entregava tanto
quando a situação no jogo estava feia (como na famosa goleada para o Vitória em
2003). Outros quando admite que em grandes defesas teve boa parcela de sorte ao
fazê-las, ao admitir que não sabe como as fez, ou ainda quando fala que tentou
resfriar o então titular Velloso colocando o ar condicionado no máximo para
garantir uma chance.
O livro começa com o prefácio do
autor Mauro Beting com um depoimento emocionante que é capaz de levar as
lágrimas os leitores mais emotivos. O livro continua com Marcos contando sua
história em primeira pessoa, desde a cidade de Oriente, no interior paulista.
Conta sua passagem pela categoria de base do Corinthians, que rende histórias ótimas
como a de que Marcos demorou a ir em Shopping na capital porque achava que
tinha que pagar para entrar.
A partir da chegada no Palmeiras, o goleiro descreve a vitória na Copa do Brasil de 1998, mas principalmente a
vitória na Libertadores de 1999 e a disputa do mundial de clubes do mesmo ano,
sempre com o recheio de histórias ótimas. Como quando o lateral Júnior acorda
os companheiros no Japão porque não conseguia dormir pensado nos cruzamentos do
inglês Beckham. Na Libertadores de 2000, narra como foi o episódio que todo
palmeirense ama lembrar que é o pênalti de Marcelinho defendido por Marcos na semifinal.
A copa de 2002 é um deleite para
todo torcedor brasileiro. Conhecer os detalhes da campanha vitoriosa já é muito
divertido, ainda mais que Marcos não tem pudor de contar todos os detalhes dos
companheiros. O que mais se destaca é a embriaguez que o volante Vampeta estava
quando deu a famoso cambalhota na rampa do Palácio do Planalto, Marcos diz que
não sabe como ele se levantou depois!
O livro continua com os motivos
pelo qual o goleiro recusou a proposta do Arsenal para disputar a Série B em
2003 e mostra todo seu carinho e reconhecimentos aos seus treinadores de
goleiros, como Carlos Pracidelli e Valdir de Morais. Aos companheiros, como o
goleiro Sérgio que respondia da típica maneira de interior as provocações dos
adversários. Mas as histórias em si não são o mais interessante do livro, o mais
interessante é a vida e como ela é contada por seu protagonista, Marcos. O
texto de Mauro Beting é sempre perfeito e emotivo, os dois nos brindam com um
livro que vai muito além de um livro de um jogador de futebol.
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