15 de nov. de 2010

“Memórias de um Sargento de Milícias” de Manuel Antônio de Almeida. Editora Komedi (2008), 240 páginas.

Reler clássicos lidos primeiro na adolescência pode nos mostrar como não conseguirmos desfrutar do todo de um livro quando ainda não temos muitas “horas de leitura”, ao reler “Memórias de um sargento de Milícias” pude perceber mais uma vez isto.

Fiquei impressionado com a qualidade da obra, o que não pude apreciar na leitura inicial. O tom irônico e a maneira como Manuel Antônio de Almeida trata com deboche a sociedade de sua época lembram um escritor contemporâneo seu, Machado de Assis. Diverti-me especialmente na maneira sarcástica que o autor trata os religiosos e os membros da Igreja, o casamento e as relações pessoais de interesse.

O único a lamentar ao terminar a leitura é que Manuel Antônio de Almeida escreveu apenas este romance, seria um prazer ler mais obras suas. Mas com certeza com este brilhante livro ele se coloca entre os grandes nomes de nossa literatura.

A história do livro deve ser conhecida de todos, trata-se da narrativa de um ante-herói, Leonardo. Fruto de um casamento de portugueses que se conheceram no navio vindos para o Brasil, ele é abandonado pelos pais quando seu pai descobre as traições conjugais da mãe que foge para Portugal com um marinheiro e o pai o deixa aos cuidados de seu padrinho, o barbeiro.

O barbeiro trata o rapaz como seu filho e o defende contra tudo e contra todos, o que torna o rapaz um autêntico malandro carioca. Tal comportamento leva-o a prisão, de onde sai como Sargento de Milícias para casar-se com seu amor de infância.

O grande atrativo do livro para mim não é a história em si, é a maneira irresistível que o autor leva a narrativa. Recheada de deboches e ironias o leitor é levado às risadas com o texto de Manuel Antônio de Almeida que ainda traça um retrato da sociedade brasileira do início do século XIX. É um livro imperdível, que todos devem ler.

Classificação pessoal e arbitrária: cinco estrelas

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