3 de jan. de 2010

"Pra ser sincero - 123 variações sobre o mesmo tema" de Humberto Gessinger. Belas Letras (2009), 304 páginas.

Para quem, como eu, é fã incondicional do trabalho de Humberto Gessinger como músico e compositor vai achar este livro um deleite, muito divertido e extremamente interessante. Porém os fãs de um livro bem escrito, bem construído e com boa narrativa tenha minhas dúvidas sinceras de que "Pra ser sincero" irá agradar.
Humberto Gessinger é o vocalista e compositor quase integral das músicas dos Engenheiros do Hawaii. O livro é uma espécie de autobiografia do música desde o primeiro show da banda até meados de 2009. Nas primeiras 27 páginas do livro, Gessinger faz um resumo de sua vida - famíla, trabalho e preferências. Depois disto ele narra ano por ano a sua carreira musical, desde 1986 até 2009. É muito delicioso conhecer as história e bastidores da banda preferida de muito gente contada pelo seu grande mentor. A narrativa no entando não se restrigue aos Engenheiros do Hawaii, Humberto lembra da formação do Humberto Gessinger Trio e do Pouco Vogal, que são trabalhos de Gessinger fora dos Engenheiros.
O ponto alto do livro sem dúvida é o projeto gráfico, todas as páginas são coloridas e existe um farto material fotográfico, além de todas as capas de discos, materias de jornais e revistas e ainda fotos da família de Gessinger (Clara e Adriane - filha e esposa respectivamente). Nem por isto este projeto gráfico diferenciado aumentou o preço do livro, que pode ser encontrado entre R$ 30 e R$ 40,00 na maioria das livrarias.
Os pontos negativos do livro é a narrativa de Gessinger, que apesar de ser talvez o melhor compositor e letrista brasileiro não mostra o mesmo talento literário. O texto abusa de frases feitas, repete frases e ainda tem uma não lineridade que por vezes pode confudir o leitor acostumado com outras autobiografias. A impressão que se tem é que o livro saiu um pouco forçado, que não tem a genuidade de outros autobiográficos como "Feliz ano velho" de Marcelo Rubens Paiva e "O filho eterno" de Cristovão Tezza.
Tem a certeza disto quando quase metade do livro são com letras de 123 músicas do Engenheiros, que para leitores que como eu tem todos os CDs da banda em casa, são mero enchimento de páginas. Os comentários de Gessinger sobre algumas letras são evazivos e decepcionantes. Neste ponto o livro poderia ser único, Humberto poderia comentar com maior profundidade algumas de suas letras tornaria a leitura dos fãs quase como um sonho.
O posfácio de Luís Augusto Fisher tem pouco a oferecer e poderia ser descartado da obra sem nenhuma perda para ela.
Classificação pessoal e arbitrária: três estrelas.

Um comentário:

  1. Oi Felipe!
    Também li o livro do HG, e sou super fã dele! Mas discordo de ti no que diz respeito ao que o Humberto não tem talento literário. Pelo contrário, acredito que o talento dele é tanto, que consegue beirar a ironia e deixar isso transparente no texto, sem deixar desagradável ou feio - e sim engraçado. E as repetições de frases, ao que entendi, sao propositais, "a boa sensação estranha" se repete seguidas vezes, tanto como em muuuitas de suas músicas, ele repete a mesma frase em canções diferentes (mesma letra e melodia diferente, mesma melodia, letra diferente... né?)
    Acho que isso "é uma característica gessingeriana", que não chega a ser defeito! Heheh,
    mas com relação às letras de musica no livro "pra encher página", com isso concordo!

    Abraços e sucesso no teu blog!
    Lici

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